terça-feira, 7 de agosto de 2007

A volta das minhas monitoras, flores, desculpas e pedido de retorno às aulas

Hoje reiniciamos o projeto de monitoria da escola. Selecionei Jéssica, Gerciane e Bárbara. Elas me ajudam numa escala de reversamento todas as tardes quando não têm tarefas escolares. Ontem contei com a presença de Bárbara e hoje com a presença de Jéssica e Gerciane.

Cedinho pedi desculpas ao oitavo e ao nono ano. Solicitei que eles formassem uma dupla para me alertar quando eu estivesse passando uma matéria muito complexa e que o assunto fosse discutido na sala de aula e não fora. Disse que sou um ser humano como outro qualquer e passível de erros e enganos. Não sou um bicho e sei ouvir as pessoas. Eles aceitaram as minhas desculpas.

Hoje à tarde fiz prova de ciências com os meus alunos mais adiantados. Contei a história do Gato de Botas. Para os que ainda estão aprendendo a ler e a escrever passei texto com interpretação. Depois passei continhas.

Karolzinha estava chorando com dor de dente. Perguntei se ela queria ir para casa, mas disse que não. Então peguei água com açúcar e dei para ela dizendo que era um ótimo remédio para dor de dente. Ela tomou, mas minutos depois voltou a chorar. Achei melhor mandá-la para casa. Em casa ela tem o conforto da sua caminha e o carinho da sua mãe seguido de um remédio para aliviar a dor.

Hoje um aluno pequenino, tristinho, sujinho, com uma janelinha na boca, moreninho, magrinho e acima de tudo lindo me pediu para eu trazê-lo para minha casa. Naquele momento tive vontade de chorar, mas segurei as lágrimas. Disse para ele que não tinha tempo de cuidar dele, pois passo o dia na escola e que era melhor a gente se encontrar sempre ali. Eu cuidaria dele na escola. Só ficaríamos separados à noite, mas mesmo assim estaríamos ligados pelo pensamento. Acho que ele me entendeu. Pela primeira vez meu coração ficou sem palavras.

Conversei com Felipe no final da aula Procurei mostrar a ele a importância dos estudos. Pedi para ele procurar se comportar e não deixar os meninos o provocarem. Falei para ele da minha casinha que caiu devido o cupim, ele gostou e riu. Falei para ele do quanto foi difícil a minha vida e que só venci estudando.

E por falar em estudar tenho sentido a falta de Alexandre na escola. Perguntei por ele hoje e os meninos me disseram que ele tinha desistido. Fiquei muito triste com isso. Gosto de Alexandre. Ele está atrasado nos estudos, mas não significa que deve desistir; ao contrário, deve correr atrás do tempo perdido. Mandei uma carta para ele por Aleksandro e Deus permita que ele compreenda o teor da minha carta e receba o meu carinho, pois ficaria muito feliz em chegar na escola amanhã e revê-lo com aquele sorriso ingênuo e olhar meigo.

Daniel tem me presenteado todos os dias flores. Ele gosta que eu as coloque na minha roupa. Conversei com Eduardo para ele assistir aulas à tarde comigo. Quero que ele aprenda a escrever melhor.

Os meus alunos nem imaginam o quanto gosto deles. Nem têm idéia do bem que me dão. Se soubessem que são a razão do meu viver acho que ficariam mais felizes. Tem coisas que eles não sabem e eu respeito, porque nem tudo na vida a gente sabe. Sou do tipo que o fato de ler e escrever é o suficiente para quem quer alguma coisa. As outras ciências a gente vai aprendendo aos poucos, com o despertar da nossa curiosidade.

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