domingo, 9 de setembro de 2007

Estou no quarto ano

Deixei a minha turminha de alfabetização. Sentirei saudades. Mas estou bem próxima deles, numa sala vizinha. A minha nova turma é alfabetizada, bem avançada na escrita e nos cálculos. Pretendo com eles trabalhar os gêneros literários, os problemas matemáticos do dia-a-dia, a história do Brasil e do mundo, a tecnologia na ciência e os problemas que afetam o meio ambiente na geografia.
A minha nova turma tem apenas cerca de 10 (dez) alunos. Gosto do jeitinho de Diogo, Maria Eduarda, Elisa e Ivisson. Esses são os nomes que decorei até agora. Eles não têm o jeitinho da turminha da alfabetização, pois já pensam em namorar, se maquiar, desfilar. Mas, ainda conservam a inocência e a bondade no peito.
Ah! Faz uma semana que estou com a nova turminha.

domingo, 26 de agosto de 2007

Vida de criança é na escola

O trabalho infantil tem aumentado nos últimos anos. A criança que se dedica ao trabalho deixa de lado a sua infância. A escola acaba sendo trocada pelo trabalho.
Muitas crianças estão fora da escola. O numero de crianças fora da faixa escolar continua grande. Muitas, sequer, conseguem terminar a educação básica. Há vários motivos que desencadeiam a evasão escolar, mas o maior deles é o trabalho infantil. A criança troca seus livros pelas cansativas horas de trabalho. Nos transportes coletivos, nas ruas, nas praças publicas, nos estacionamentos, crianças trabalham como flanelinhas, engraxates, vendedoras de balas ou algodão doce e limpando pára-brisas de carros. Essas crianças deveriam estar nas escolas procurando um futuro melhor.
Só a escola proporciona uma vida digna ao homem, por isso a criança deve freqüentá-la desde cedo e nunca abandoná-la. Os incentivos do governo federal brasileiro para manter as crianças na escola têm crescido cada vez mais. É na escola onde a criança vai aprender a lidar com os problemas da vida. Trabalhando ela vai esquecer o seu brincar, os seus direitos enquanto criança de poder viver a infância na sua plenitude sem responsabilidades civis de manter uma família, por exemplo. A criança tem o direito de praticar esportes, estudar, brincar e ser feliz.
Muitos pais pensam que seus filhos, ainda pequenos, devem ajudar em casa financeiramente.
Com isso mandam meninos e meninas para as ruas, coitados. Essas crianças nem sabem o que fazer, soltas no meio da multidão, são a todo instante engolidas pela ignorância familiar e vomitadas pela necessidade de comer, dormir e beber. É preciso conscientizar os pais de que a maior obrigação da criança é com a escola. Será no leito escolar onde a criança encontrará sua segunda comunidade, participará de atividades sociais, poderá brincar e sorrir com os colegas de sala de aula e seus professores.
O trabalho infantil não deve existir. A criança merece uma infância prazerosa com amor e zelo. A escola e o único local onde a criança encontrará o caminho para a realização dos seus sonhos. Não é preciso trabalhar para matar a fome dos irmãos mais novos, mas estudar para ter fome de saber e força para vencer na vida.

Banho de praia e castelos de areia


No dia do estudante, tomei banho de praia com os meus pequeninos. Depois eles fizeram castelos de areia. Brincaram o dia todo. Se divertiram muito. Fizeram tudo o que tinham direito.


Gabriel adorou correr nas areias da praia! Andreza estava feliz! Guilherme não largava a minha mão! Felipe também não largou a minha mão!


Foi um dia divertido o do estudante, pois ficamos o tempo todo juntos e perto da natureza.
Amanda

Amandinha foi transferida para outra escola. Faz duas semanas que ela se foi. Amandinha era uma menina como outra qualquer, gostava de brincar e sorrir. Falava muito em sala de aula e não tinha muita concentração. Fui sua professora por bem pouco tempo: talvez duas ou três semanas. Tempo necessário para descobrir um problema sério a ser corrigido nela: troca o "d" pelo "p".

Procurei trabalhar isso nela, mas o tempo não me permitiu. Dos meus 23 alunos só me restam agora 22.

Desejo para Amandinha toda a felicidade do mundo. Dizer que sinto muito a sua falta.
O verdadeiro estudante
Rosângela Trajano

O verdadeiro estudante sempre terá dúvidas. É aquele menino ou menina que a turma considera o mais chato, pois vive a atrapalhar as aulas com as suas perguntas. As suas perguntas são uma mistura de incertezas, encucações, preocupações, medos, sonhos, coragem, paciência, tolerança, prudência e, principalmente, sabedoria. Não são perguntas feitas ao léu, mas resultado das suas observações e conseqüências do seu espanto e admiração. Perguntas que tecem uma teia e vão crescendo feito uma bola de neve em meio a conceitos e mais conceitos. As suas perguntas entusiasmam seus mestres. O estudante passa a ser sábio quando reconhece nos seus mestres e livros amigos que o acompanharão para o resto da sua vida.

O verdadeiro estudante debruça-se horas sob a mesa da cozinha ou da sala à procura da solução de um problema de matemática. Inquieta-se, coça a cabeça, vai e volta, não pára, o pensamento está cansado, mas não é hora de parar. O verdadeiro estudante tem sempre ao seu lado dicionários, enciclopédias, livros para consultas, anotações da fala do professor (abro parênteses para dizer: essas são as mais importantes). O verdadeiro estudante encontrou a solução do seu problema de matemática, e de repente, ele olha pela janela e ver que o dia já vem raiando. Noite adentro, cansado e exausto ele precisa tomar um banho, tomar o seu café da manhã e correr para a escola; a ansiedade de mostrar ao seu mestre que conseguiu resolver a questão tão difícil é maior do que seu cansaço.

O verdadeiro estudante nunca deixa de reclamar. Reclama de tudo. Por quê? Talvez porque ele não aceite as coisas do jeito que são e tenha novas idéias que precisam ser ouvidas. O verdadeiro estudante dedica a maior parte do seu dia aos seus estudos. Come livros. Adquire conhecimento. Conversa com seus mestres e junto com eles procura melhorar o ensino-aprendizagem. O verdadeiro estudante não tem silêncio. Tem ruídos dentro de si. Até mesmo quando não se expressa oralmente seu âmago está gritando: por quê? Como? Aonde? Quando? Em que lugar? E agora? São esses gritos os verdadeiros guias do estudante.

O verdadeiro estudante não se preocupa de andar quilômetros à pé em busca do conhecimento, porque ele tem pernas empurradas pela inquietude do saber. O verdadeiro estudante não tem vergonha das suas vestes, porque ele tem a vestimenta principal: a vontade de aprender. O verdadeiro estudante é amigo dos seus mestres e confia neles plenamente as suas dúvidas em relação ao mundo. O verdadeiro estudante nunca está num só lugar, pois ele caminha junto com os personagens dos seus livros. Pessoas inteligentes viajam sem sair da poltrona de casa!

O verdadeiro estudante é dono de uma força de vontade sem limites. Transpõe todas as esferas traçadas pelos educadores e psicólogos e segue atrás do conhecimento, no olhar adiante na certeza de que não há tempo a perder. O verdadeiro estudante não estuda o tempo da sua idade, mas o tempo que a idade lhe construiu. O verdadeiro estudante tem inveja dos grandes cientistas e intelectuais e quer sobressair-se a eles, por isso não espera que o seu mestre lhe ensine, mas trás para ele o que deseja aprender.

O verdadeiro estudante lapida seu próprio saber. Uma lápide feita com muito trabalho, lágrimas, solidão, frio, fadiga e tantas outras coisas que limitam o corpo quando a vontade não é maior do que o sonho. O verdadeiro estudante estuda dormindo. O sobressalto de madrugada significa a descoberta da solução para uma atividade. O verdadeiro estudante não precisa de belos cadernos, mochilas caras, canetas de ouro, tênis de grife, mas de belas palavras e invejável raciocínio matemático.

O verdadeiro estudante sabe que seu maior tesouro é o saber. Isso ninguém dele nunca vai poder roubar. O verdadeiro estudante não deixa herdeiros, que pena! O verdadeiro estudante deixa ao mundo uma palavrinha bem pequenina: criar. O verdadeiro estudante não morre, apenas adormece, pois suas pesquisas terão continuidade e seu nome em algum lugar sempre estará. O verdadeiro estudante é imortal!

Feliz dia do estudante para todos os meus alunos, em especial, aos alunos da Escola Municipal Sérgio de Oliveira Aguiar.
Estou de volta!

Fiquei todo esse tempo distante do meu diário, pois tive problemas com meu computador. Mas nao deixei de fazer as minhas anotações. Simplesmente troquei meu diário on-line pelo meu velho diário escrito.

Aqui, quero deixar o registro de um dos meus maiores trabalhos: educar crianças. A minha alegria de ouvir meu aluno de apenas sete anos ler a palavra: v-a-c-a. Minha satisfação de poder filosofar com os mais velhos e brincar de ingles.

Peço desculpas àqueles que aqui estiveram e não encontram nada de novo nesses últimos dias. Desculpas dadas, agora ao trabalho!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A volta das minhas monitoras, flores, desculpas e pedido de retorno às aulas

Hoje reiniciamos o projeto de monitoria da escola. Selecionei Jéssica, Gerciane e Bárbara. Elas me ajudam numa escala de reversamento todas as tardes quando não têm tarefas escolares. Ontem contei com a presença de Bárbara e hoje com a presença de Jéssica e Gerciane.

Cedinho pedi desculpas ao oitavo e ao nono ano. Solicitei que eles formassem uma dupla para me alertar quando eu estivesse passando uma matéria muito complexa e que o assunto fosse discutido na sala de aula e não fora. Disse que sou um ser humano como outro qualquer e passível de erros e enganos. Não sou um bicho e sei ouvir as pessoas. Eles aceitaram as minhas desculpas.

Hoje à tarde fiz prova de ciências com os meus alunos mais adiantados. Contei a história do Gato de Botas. Para os que ainda estão aprendendo a ler e a escrever passei texto com interpretação. Depois passei continhas.

Karolzinha estava chorando com dor de dente. Perguntei se ela queria ir para casa, mas disse que não. Então peguei água com açúcar e dei para ela dizendo que era um ótimo remédio para dor de dente. Ela tomou, mas minutos depois voltou a chorar. Achei melhor mandá-la para casa. Em casa ela tem o conforto da sua caminha e o carinho da sua mãe seguido de um remédio para aliviar a dor.

Hoje um aluno pequenino, tristinho, sujinho, com uma janelinha na boca, moreninho, magrinho e acima de tudo lindo me pediu para eu trazê-lo para minha casa. Naquele momento tive vontade de chorar, mas segurei as lágrimas. Disse para ele que não tinha tempo de cuidar dele, pois passo o dia na escola e que era melhor a gente se encontrar sempre ali. Eu cuidaria dele na escola. Só ficaríamos separados à noite, mas mesmo assim estaríamos ligados pelo pensamento. Acho que ele me entendeu. Pela primeira vez meu coração ficou sem palavras.

Conversei com Felipe no final da aula Procurei mostrar a ele a importância dos estudos. Pedi para ele procurar se comportar e não deixar os meninos o provocarem. Falei para ele da minha casinha que caiu devido o cupim, ele gostou e riu. Falei para ele do quanto foi difícil a minha vida e que só venci estudando.

E por falar em estudar tenho sentido a falta de Alexandre na escola. Perguntei por ele hoje e os meninos me disseram que ele tinha desistido. Fiquei muito triste com isso. Gosto de Alexandre. Ele está atrasado nos estudos, mas não significa que deve desistir; ao contrário, deve correr atrás do tempo perdido. Mandei uma carta para ele por Aleksandro e Deus permita que ele compreenda o teor da minha carta e receba o meu carinho, pois ficaria muito feliz em chegar na escola amanhã e revê-lo com aquele sorriso ingênuo e olhar meigo.

Daniel tem me presenteado todos os dias flores. Ele gosta que eu as coloque na minha roupa. Conversei com Eduardo para ele assistir aulas à tarde comigo. Quero que ele aprenda a escrever melhor.

Os meus alunos nem imaginam o quanto gosto deles. Nem têm idéia do bem que me dão. Se soubessem que são a razão do meu viver acho que ficariam mais felizes. Tem coisas que eles não sabem e eu respeito, porque nem tudo na vida a gente sabe. Sou do tipo que o fato de ler e escrever é o suficiente para quem quer alguma coisa. As outras ciências a gente vai aprendendo aos poucos, com o despertar da nossa curiosidade.